Coração vagabundo??

Como dividir minha crise existencial do momento? rs
Eu devo ser uma pessoa realmente muito complicada ou então, como disse um amigo, "cachorro mordido de cobra, tem medo de linguiça".
Hoje eu fui almoçar num restaurante japonês com uma amiga e o marido dela. Na mesa ao lado tinha umas 6 ou 7 adolescentes (na faixa dos 16/17 anos) conversando coisas da idade delas.
E em um determinado momento minha amiga falou "Que época boa era essa né?" e eu disse "Nossa, não se preocupava com nada e achava que tinha muitas preocupações. Ah se eu pudesse voltar há 9 anos atrás" rs
Não estou com a crise da idade não!! Nem muito menos Madalena-Arrependida de minhas escolhas!!
Mas é que se você, leitor (se é que alguém realmente lê isso aqui - rs), reparar, os anos têm passado muito rapidamente.
Aí está o foco da minha crise existencial... (e olha que não estou na TPM)
Fiquei pensando no passado e em todas as escolhas que fiz. Não que exatamente eu me arrependa, mas todos nós pagamos o preço das nossas escolhas.
Eu sou mãe solteira, constituí minha família no modo moderno. Somos 3 mulheres e vivemos segundo o modelo familiar. Temos nossa rotina de família, porém modernizamos o processo.
Já pensei várias vezes na palavra casamento, ter aquela vida rotineira, almoço de domingo, sabe?
Mas ao mesmo tempo me vem aquela música do Rappa "Me abrace e me dê um beijo, faz um filho comigo, só não me deixe sentar na poltrona no dia de domingo"
Eu gosto de não ter rotina. Quer dizer, tenho muitas rotinas, pra ainda ter essas sabe?
Mas ao mesmo tempo não gosto de estar sozinha...
Ainda tenho dentro de mim aquela sede de paixão avassaladora, que extravasa em sorrisos sinceros, em surpresas inventadas.... Mesmo que ela se transforme em amor fraterno ou resulte em apenas lembranças boas de se reviver...
Sei também que estou "envelhecendo", mas ainda cheia de vontade de viver.
Morro de medo de ficar aquelas quarentonas solteiras fazendo lipo, colocando botox pra continuar sobrevivendo às exigências do mercado!!
Não quero isso!!!
Queria poder me entregar a sentimentos, a momentos de forma plena e verdadeira.
Tava até pensando no que aconteceu há algumas semanas....
Meu irmão deixou um scrap dizendo "e aí porra louca, como você está?"
Por que eu sou "porra louca"?
Porque eu não sigo o padrão de ter casado ou por não me acostumar com a idéia de ser infeliz porque esperavam de mim determinadas atitudes?
Ou a minha visão de felicidade não se prende ao modelo Papai-Mamãe-Filhinhos?
Eu tenho vários motivos pra ser feliz. Tenho coisas que muita gente gostaria de ter.
Eu tenho saúde, tenho vontade, tenho paixão, tenho alegria.
Mas não dá pra ter tudo?
Ah me poupe, não quero nunca pensar isso da vida!!
Resumindo: eu sei que vai parecer controvérsia da minha parte... mas claro que um dia eu vou casar e ter que chegar em casa cansada de um dia de trabalho e ter a rotina de cuidar da casa, das meninas e de um marido. Mas quero que seja um marido que realmente queira dividir e crescer juntos.
Quero alguém que divida rotina e problemas com otimismo e bom humor.
Quero alguém que me prenda a sentimentos, sem me tolher a liberdade de ir e vir.
Quero alguém que me aceite com todo o pacote de defeitos e que consiga pesar na balança minhas qualidades, respeitando minha história de vida, sem se prender ao passado.
Quero viver sem me acostumar com a rotina de ser infeliz por preguiça de conquistar o mundo mais colorido.
Não dá pra ser feliz o tempo inteiro.
Mas gostaria que as coisas ruins não deixassem o mundo preto e branco.
Quero reconhecer que apesar das lutas, é sempre bom colher os frutos dos sacrifícios.
E claro, quero lutar e colher esse frutos com alguém que tenha esse espírito...