segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Pegadas


Essa noite me permiti fechar os olhos e descansar o sono de alguém muito cansado.
E não foi um cansar de trabalhar, dos compromissos do dia a dia.
É um cansaço de remar conta a maré, de errar e insistir em consertar o erro.
Cansei de me fazer perguntas que não tem respostas. Daquelas "e se?".
Já foi.
Toda minha experiência não foi suficiente pra deixar a covardia de lado.
Minha covardia, meu medo, foi resumido em crueldade.
Confesso que foi terrível me sentir "cruel", quando estava sacrificando a mim, e todos os melhores sentimentos que haviam em mim, pra não ferir a mim mesma e aos que me rodeavam.
Mas essa é minha última publicação de algum sentimento ligado a essa ferida.
Quero escrever a alegria que existe em mim.
Quero acordar de manhã e ligar uma música alegre, que não me faça pensar nas escolhas que fiz e nas que não pude escolher, mas que aceito como algo que não era pra ser.
Como tudo na vida se transforma, só restará a lembrança de algo que não vivi.
Não vou incluir esse desfecho no fim da caderneta do fracasso.
Nem vou me sentir frustrada, nem acreditar que a entrega é desperdício.
Vou me renovar, pensar no futuro e esperar coisas melhores do que todos os pensamentos que tive.
Não vou mais julgar os fatos, nem achar que doeu mais em mim.
Não vou procurar coerência pra justificar os atos.
Não pedi nada em troca antes...
Agora, faço o mesmo.
Não vou esperar que essas pegadas sejam apagadas da minha estrada. Eu mesma irei fazer isso.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Perdão


Nossa, hoje eu tenho vontade de pedir perdão.
Confesso que o que mais gosto é de me surpreender.
Nunca gostei de amigo oculto onde escolhemos o que queremos, muito menos dos presentes que eu escolhi.
Me lembro de um dia das crianças que me surpreendi... Meu avô trabalhava muito, tava sempre ocupado com a clínica, plantões e cirurgias.... Só fazíamos um refeição juntos. Normalmente era o almoço. E japonês é durão, pouca prosa, e nunca imaginei que ele acompanhava, mesmo que de longe, o que eu estava fazendo. Tava aprendendo a jogar vôlei. Quando chegou o dia das crianças... meu avô chegou com uma bola de vôlei. Cara, fiquei tão feliz como se tivesse ganhado na mega sena.
Não pela bola. Mas porque meu avô, mesmo de longe, sabia o que eu estava fazendo, me acompanhava.
Meu avô era de pouquíssimas palavras. Basta dizer que de manhã eu dizia "bom dia vô" e ele dizia "bom".
Mas ele conseguia tocar meu coração quando eu entrava no carro dele e ele cantava "meu coração, não sei porque, bate feliz quando te vê" e eu tão inocente, não entendia que essa era a forma dele me dizer "eu te amo" rs. Mas sentia satisfação do mesmo jeito.
Voltando ao rumo da prosa, esse era pra ser um fim de semana ruim.
Mas recebi colo, carinho, abraço e atenção de alguém que não esperava.
Pra ser bem sincera, estou um tanto confusa. E pra não cometer mais enganos, vou dar o tempo que o tempo precisa pra chegar a alguma conclusão.
Eu olho pra essa pessoa e vejo muito de mim.
Eu condeno e avalio nele, todos os meus piores defeitos.
E percebo que ele tenta mostrar as coisas boas que há nele, como se fosse pra tirar essa imagem ruim que ele acha que eu tenho dele.
E o mais engraçado é que eu o observo tanto e nunca erro nas minhas conclusões.
Mas ele normalmente não fala nada, mas quando resolve falar, me identifica com muita clareza.
Fala coisas sobre mim, que jurava não demonstrar.
Não sei se isso é bom ou ruim. Mas não quis mexer muito com isso.
Também tento mostrar o que não sou...
Fico feliz por ter pessoas que mesmo sem saber como, nem porquê, amenizam a solidão que há em nós e nos abrigam com um abraço, com carinho...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Isabela

Não me lembrava como era bom ter cachorro. Eu estava comentando com uma amiga o quanto a Belinha fez bem pra Luíza. Belinha é uma vira-lata loira, de olhos verdes e nariz rosa do tamanho de um rato que ganhei segunda-feira.
Luíza está até mais carinhosa. A primeira coisa que ela faz quando acorda, é ir brincar com a Belinha enquanto me arrumo pra trabalhar. E se eu deixar a porta de casa aberta, o primeiro lugar que Belinha vai é no quarto das crianças. Laura ainda morre de medo. É até engraçado.
Mas eu achava que eu mesma não teria o mesmo carinho. Desde o Ziggy, um cachorrinho que tive que dar quando vim pra Brasília, jurei pra mim mesma que jamais me apegaria a um animal. Ziggy foi um companheiro nas horas mais difíceis da minha vida. Na dor da separação, na gravidez solitária, e até mesmo a noite quando ouvia o barulho dos ratos no terreno baldio ao lado da minha casa, que me deixava em pânico.
E Belinha tem sido a alegria de chegar em casa. Ela é muito fofa, carinhosa e meiga.
Não é que me conquistou? Acordo e corro pra alimentá-la. E de noite não vou dormir sem verificar se ela está bem acomodada em sua caminha azul de coração.
Tá sendo tratada como cachorrinha de madame! Tem que ver... rsrs
Até deixei ela entrar em casa pra assistir pica pau com a Luíza.
Isso é um grande progresso pra alguém que não gosta de cachorro dentro de casa.
Hoje eu ia pra fazenda com a Cláudia e desisti pra não deixá-la sozinha. Também não queria levá-la porque ainda é um bebê, só tem 3 meses.
Acordo de manhã e ela vem correndo me dar um "bom dia" à sua maneira, correndo, pulando e dando seus beijos de língua.
E fiquei pensando...
Ela chegou há 6 dias e já gosta de nós. Não fizemos nada pra ela gostar de nós. Ela simplesmente sente que gostamos dela, que a tratamos bem e se agregou à família. Já tem nome e sobrenome. Isabela da Costa Mello Alves. Agora ela é uma de nós. É a caçulinha.
Então, estou falando da Belinha, porque me impressiona esse amor incondicional que os cachorros nos devotam. Não fiz nada, absolutamente nada, pra conquistá-la. E ela soube dobrar esse coração de pedra, egoísta, da pessoa que está escrevendo, apenas se chegando com o rabinho entre as pernas e com sua alegria ao abrir a porta de manhã. Mas o cachorro nos ensina... Amor é assim mesmo. Não podemos exigir de ninguém. Só podemos esperar que nos amem como somos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Rasura


Talvez você esperasse que eu ficasse arrependida do que escrevi, talvez eu mesma quisesse estar.
Não vou rasurar meu texto anterior, nem vou apagar o que ele causou em você.

Sei que minhas palavras foram ásperas, e também sei o impacto que uma palavra causa mesmo quando num momento de raiva, de mágoa.

Infelizmente não posso fazer nada. Porque se chegamos até aqui, foi culpa sua também.
Se te feriu, saiba que eu também estou ferida.
Pode parecer egoísmo, mas toda essa situação me magoou também.
Meu blog não foi feito pra ofender ninguém.
Foi um meio que encontrei de descarregar alguns dos meus sentimentos.
No texto passado eu citei que um animal ferido acaba atacando.
De repente, no meio da minha dor, eu ataquei.
Dessa vez eu não vou pedir desculpa, tava na TPM, tava cansada de toda essa situação e falei que o que eu tava pensando mesmo.
Não acho que eu deva sentir culpa por abrir mão justamente quando mudou seus planos e não me disse nada.
Abri mão sim. Mas até que ponto acha que foi mais fácil?
Esse blog é pra falar dos meus sentimentos. Sejam bons, sejam ruins.
E acho que quando falo do outro, estou falando de mim mesma.
Se sentiu ofendido, eu estou ofendida também.
E se entendeu que eu disse que não havia caráter em você, o mesmo não há em mim quando entrei no mesmo barco.
Mas vou ao foco da minha decisão...
Não me senti importante quando precisava.
E senti o peso da sua indiferença quando esperava que não desistisse de nós.. quando eu esperava que me pedisse pra não desistir também.
Se não fiquei sabendo o que fez, foi porque não me incluiu nos seus planos.
Mas tudo bem, acho que no final das contas, o plano era esse né?
Eu vou fazer o que me mandou fazer.
Espero que o tempo passe e que apague essas mágoas.
E que essa separação seja o início de alguma coisa.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Filme


Agradeço ao elogio. Agradeço ao bem temporário que me fez.
Realmente eu sempre fui uma pessoa livre.
Sempre gostei de ter asas pra voar, mesmo que não as usasse, da liberdade de ir e vir, sem mistérios, sem ter que olhar pro lado.
Durante muitos anos só fui totalmente sincera com as palavras que conseguia expressar num papel.
Talvez nesse momento eu esteja fazendo o mesmo, não por covardia, mas por achar que não há nada pra dizer cara a cara.
Não entendi exatamente o que quis dizer sobre desvirtude.
Procurei até no dicionário o significado exato da palavra virtude pra não fazer feio.
Eis: “disposição constante de praticar o bem e evitar o mal”
Só posso afirmar que embora não seja exemplo pra ninguém, tenho essa “virtude” egoísta em estar bem comigo mesmo, evitando não machucar os que estão à minha volta, independentemente de conhecê-los ou não.
Durante esses dias de silêncio, não me pensei exatamente nessa palavra pra tomar uma direção diferente da que eu tava disposta.
Pensei na palavra caráter.
Não estou ofendendo ninguém – espero.
Educação é algo que quando não se tem, adquire-se.
Caráter não... É o que revela seus traços morais no meio em que vive.
É muito forte dizer pra uma pessoa que ela não tem caráter e eu não to aqui pra julgar ninguém.
Mas é do ser humano avaliar e ser avaliado todos os dias, em todas as atitudes.
Parece rebeldia, mas esse ano eu resolvi me afastar de tudo o que é ruim.
Cansei de ser "bozinha" e tentar salvar o mundo, quando o meu mundo tá meio capenga das pernas.
Não vou mais segurar a onda porque aparentemente eu sou forte.
Nem vou tentar sair da rota quando a via for de mão única.
Meu lema agora é "ou me acompanha, ou fica pra trás".
Porque eu tenho certeza que haverão obstáculos que farão com que eu diminua o ritmo, e que talvez eu tenha que carregar pessoas que amo no colo, mas parar jamais.
É engraçado que quando você resolve tomar atitudes sensatas, você é cruel.
Um animal ferido, mesmo quando vai ajudá-lo, acaba te atacando.
Não estou disposta a atacar ninguém, nem ferir ninguém.
Apenas estou tirando as pedras do caminho.
Fico sacrificando a mim mesma tentando entender o lado das pessoas.
Mas e eu?
Erro e mentira não tem medida. Não existe um errinho ou uma mentirinha.
E quando a base é a mentira, tudo acaba virando uma grande ilusão.
Você acaba se perdendo no meio de tanta mentira, que ela acaba parecendo verdade.
Eu esperava menos palavras bonitas e mais atitudes. Mas não posso cobrar nada das pessoas ao meu redor.
Posso apenas me afastar daqueles que me fazem mal.
Já sei o desfecho dessa história.
Já vi esse filme várias vezes e não posso diferenciá-lo só porque está acontecendo comigo.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ilha (memórias de um verão)


Imagino que deve estar estranhando meu silêncio. Aprendi que certos momentos o silêncio vale ouro.
Tenho falado coisas sobre mim, mas hoje eu resolvi falar de você.
Tenho quase certeza que não quero mais te ver. E esse "quase" é só porque quero ter certeza pra não me arrepender.
É uma mistura de sentimentos, que quando está ausente eu quase esqueço de você.
Quisera eu estar somente com raiva que sempre é tão passageira.
Mas infelizmente me sinto ferida não só pelo ato em si, mas por achar que realmente essa era sua intenção.
Garanto que o meu silêncio e meu sorriso quase natural te incomodaram naquela noite.
Queria ter te dado o troco naquele momento, mas não queria chegar ao seu nível. Te pagar na mesma moeda, seria muito caro pra mim - e nada, para alguém que não sabe ser amado, que não sabe ser cuidado.
Até entendi o porquê se sente tão vazio... Descarta as pessoas como se elas não merecessem a devida atenção.
Essa solidão que sente, não vem de fora, das pessoas que só gostam do seu carro, da sua posição...
Está dentro desse buraco que criou nessa sua ilha deserta.
Não sei porque perdi meu tempo escrevendo isso.
Não sei porque te tratei com respeito nos lugares aonde fomos.
Mas sei que gostaria de ter tido lembranças melhores do que aquela noite - porque até a nossas "brigas" foram mais bacanas do que aquela cena que poderia ter me poupado de assistir.
Mas minha consciência tá tranquila. Te mostrei o melhor de mim e o pior da minha personalidade forte.
Te desejo coisas melhores que esse mar em volta da sua ilha. Porque ele é lindo, mas pode estar cheio de tubarões também. Se cuida.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Lar Doce Lar


Finalmente cheguei em casa!!!
A casa estava absurdamente suja, mas nada que um dia inteiro de faxina não resolvesse...
Luíza cresceu e Laura está com mais cabelo! Lindas, como sempre.
Ontem fiquei pensando. Eu fui pro Rio numa busca por quem eu era, ou quem sou, não sei bem ao certo.
Ao partir afirmava que estava indo de volta pra casa.
Mas ao voltar, percebo que aqui é meu verdadeiro lar. Me dei conta do quanto eu gosto de Brasília e como me sinto mais leve e solta aqui. Não é uma questão de liberdade em si pois faço o que quero - quando eu posso, claro.
É estar a vontade.
É acordar cedo com os amigos ligando. É reencontrá-los descabelada, descalça, sentar no bar da esquina pra falar besteira. Juntar os trocados do bolso pra "inteirar" a caixa de cerveja e ir pra casa deles, mexer nas panelas, abrir a geladeira e sentar na varanda pra assistir a um novo DVD.
É como se olhar pros amigos, com sua simplicidade e cumplicidade, fosse o mesmo que olhar pro próprio espelho.
Como é bom estar em casa.
Como é bom escutar repetidas vezes a música que a Claudinha gosta. E rir quando Nielson "apela" porque ela não deixa a música acabar.
Mas onde quero chegar é que aqui é onde eu sou eu mesma. É a minha realidade. E embora voar e sentir os pés fora do chão seja muito bom, melhor ainda é ter um chão para pisar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Amor sem admiração?



Resumo de 23 dias de viagem...
Essa foi a primeira vez que tiro férias sem as crianças...
Férias de tudo. Preocupação com nada...
Eventualmente me lembrei que quando chegar tenho muita roupa pra passar...
E que a casa fechada deve estar só a poeira...
Pensei também no meu emprego que me traz tanto desgosto... Mas é melhor tê-lo do que estar desempregada... rsrs
Mas procurei relaxar cada dia em que estive de férias.
Não me aborreci com absolutamente nada. Fiz programas de turista na cidade onde nasci e fui criada.
Reencontrei velhos amigos, fiz novas e boas amizades e senti muita saudade da amigas que gostaria de ter trago na mala...
Fui no rock, no samba, no pagode, no funk e até na salsa dancei com um excelente parceiro a noite toda.
Ri muito, bebi muito, dancei muito, curti muito...
Caminhei na praia quase todos os dias, relembrei meu gosto em pedalar na beira da orla, com um som no ouvido. E voltei com o joelho direito ruim também.
Provavelmente engordei com todas as calorias possíveis, com as comidas gostosas que só vovó e os mimos de Selminha fazem.
Mas faltando uns dias pra volta pra casa, comecei a sentir falta da minha cama, dos meus afazeres, da minha rotina, até mesmo de andar pelada em casa - embora eu ficasse de biquini o dia todo na casa dos meus avós.
Ao mesmo tempo me deu uma vontade de mudar muitas coisas que ando deixando de lado na minha vida.
Minha última noite no Rio, me fez pensar nas mudanças que devo fazer ao chegar em casa.
Me arriscar mais, me permitir mais, me procurar e me redescobrir. Parar de ter medo do desconhecido.
E aceitar que sacrifícios são necessários, para que as mudanças esperadas aconteçam.
Tô com uma vontade tamanha de algo novo. Não quero voltar e fazer o mesmo que ando fazendo da minha vida.
E também cansei de ficar esperando as coisas acontecerem. Vou começar a batalhar mais pelas minhas conquistas. Incluir MEUS objetivos dentro da minha rotina corrida.
Tô vendo a idade chegando, não que eu me preocupe realmente com a idade em si.
Também não estou reclamando. Fiz tudo o que eu quis. E colhi também exatamente tudo o que plantei.
Não posso também dizer que não houveram tempestades que tentaram acabar com minha plantação, mas graças a Deus sempre consegui me reerguer.

É... não dá mais pra adiar meus planos. Quero muito mais de mim, não só pelo bem estar das minhas filhas.
Quero voltar a me admirar. Como é que eu posso me amar, me respeitar, sem me admirar??

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Beijo de mãe


Eu nem estou inspirada, mas tô com vontade de escrever. Nunca fui poeteira (quem escreve poesia é poeta...rs)
Eu acho que estou começando a tomar gosto com as palavras novamente. Eu reconheço que estou com dificuldades na concordância e nesse novo português que ainda nem me interessei em aprender.
Mas também não quero ser exemplo pra ninguém. Então não julguem meu português.
Admiro quem vive de salário mínimo e consegue ter "TUDO" que uma enchente leva, quando não se tem nada....
Mas aprendi também, com a vida, que só o dono da dor sabe o quanto ela dói. Por isso respeito, mesmo que não concorde, a dor dos outros.
É engraçado como eu adoro o aniversário dos outros e me sinto tão melancólica no meu....
Todo dia 05 de janeiro eu espero uma ligação que nunca mais receberei que é da minha mãe.
Já se passaram 06 anos que ela se foi e até hoje eu passo o dia esperando essa ligação.
Eu confesso que não penso nela todos os dias... Mas algumas vezes eu sinto falta da amiga que ela era... eu sinto falta de ter a mãe que ninguém valoriza ter. Mãe é algo tão comum pros jovens, e minha mãe se foi tão cedo...
Um dia antes dela partir eu disse pra ela: "Mãe, eu quero ir antes da senhora. Eu não suportaria te ver morrendo" e ela, daquele jeito irônico da minha baixinha, como se fosse demorar muito, disse que, pela ordem natural das coisas, claro que ela iria na minha frente. E nesse mesmo dia, de madrugada ela passou mal.
Eu lembro que eu estava na recepcão da emergência prometendo a Deus nunca mais deixar minha mãe fumar e ela já estava morta.
Lembro também de estar tendo contrações e um médico me tirar de cima de um corpo já sem vida, que era minha pequena, me perguntar "o que posso fazer por você?" e eu num ato de desespero dizer "traz a minha mãe de volta".
Coitado do médico né? Tentando salvar vidas e eu jogando na cara dele a incapacidade dele de ter salvo a minha mãe. Como se ele pudesse mudar a vontade de Deus.
Eu sinto muito falta da minha mãe. Sinto falta do seu beijo de mãe, do seu colo. Mas me inspiro nela pra tentar ser uma boa mãe. Sempre penso que poderia ser uma mãe melhor. Gostaria de poder ter mais filhos.
Não sei se me sinto incapaz por ter escolhido não ter mais filhos. Confesso que no dia em que eu fui operar, na hora "H" quase desisti. Mas foi tão difícil conseguir a cirurgia, que resolvi seguir adiante.
Não me arrependo.
Também não julgo algumas atitudes que muitos julgam mal de minha mãe. Abrir mão de um filho dói mais do que passar por todas as dificuldades em tê-los, em criá-los. Imagino que ela sofreu muito mais.
Tô tentando terminar esse texto, mas não sei como...
Só queria expressar essa saudade, essa dor de mais um ano estar sem ela.
E ao mesmo tempo agradecer a Deus por mais um ano ser mãe e poder ter dois rostinhos lindos ao meu lado na hora de dormir.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Céu



Fico pensando qual será a recompensa depois de passar por essas tantas falsas despedidas?
Pensei que saindo da cidade é até mesmo a mudança de estação fizessem os ventos soprarem pra outras direções.
Na beira da orla, com sua música em meu ouvido (ou minha, não sei), contemplo o encontro das ondas com sua parceira, a areia. Cheias de movimentos perfeitos, dançando, mudam toda sua forma e sua posição.
E a cada passo que eu dou, minhas pegadas são apagadas, mas a direção que eu sigo só me levam a pensar em você. Meus pés insistem em permanecer nessa estrada como diz a música de um Avezedo, que não é o Geraldo (rs).
Passei um tempo esperando notícias que combinamos não nos dar, tentando me acostumar com essa ausência.
Bastou olhar nesta lente que atravessa o mundo e contemplar o céu desse sorriso, pra todas as estrelas do meu coração voltarem a brilhar.
Eu sei que nesse momento não posso tocar o céu, mas sinto ele bem perto de mim, porque esse sentimento desmedido que insisto em não sentir, me faz flutuar e imaginar que este céu está aqui comigo, de alguma forma, dentro de mim.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mega Sena


Então... hoje completo 28 anos...


A idade não tem sido um peso pra mim. Pelo contrário, tirando algumas marcas de expressão e o quadril que nunca mais foi o mesmo... rsrs tô muito satisfeita com o conjunto da obra...
Uma pessoa muito especial me disse que mulher tem que ter imperfeições e eu completo dizendo que a mulher tem que aprender a gostar mais de si mesmo e valorizar o que tem de bonito em vez de se preocupar com suas imperfeições físicas.
Há algum tempo não me preocupo mais com meu físico. Mas também não descuidei, claro.
Mas tenho pensando muito mais em passar mais tempo com as pessoas que gosto, cuidar dos que estão à minha volta. Tenho pensado mais em ficar com minhas filhas do que limpar a casa.
Anteontem uma goiana me perguntou se eu havia me arrependido de ter filhos nova. E eu disse que não, pelo contrário, estava muito satisfeita e dava graças a Deus todos os dias por tê-las. Ela me disse que eu era a primeira a dizer isso, que todas prefeririam ter tido mais tarde.
Minhas filhas são dois anjos. Não me atrapalham em nada. E se eu deixo de fazer certas coisas que gostaria, não é porque elas me atrapalham... é porque não quero perder nenhum instante da infância delas.
Uma mãe apaixonada entende o que eu quero dizer. Cada dia tem uma novidade imperdível.
Durante algum tempo me perdi entre ser mãe ou ser mulher, mas hoje percebo que sou mulher e sou mãe, e que o fato de ser mãe, me torna uma mulher ainda mais especial.

Vou tentar resumir 28 anos bem vividos....
Vivi uma infância maravilhosa... jogava bola, subia em árvore, corria descalça, roubava goiaba com meus primos
Tive uma pré(go)-aborrecência preocupada com o peso...
Fui feia e "menino" na adolescência
Tive paixões que pensei ser amor
"Surtei" depois de um fracasso amoroso

Já me achei incapaz de encarar situações, que depois que passaram, percebi que eram bobas
Comecei e parei várias vezes
Tive duas filhas lindas que só me dão alegria
Tenho uma família que apesar de tudo tá sempre me apoiando
Tenho amigos que me fazem rir quando quero chorar e que me fazem me sentir importante quando precisam de um colo.
E principalmente...tenho Deus que não se esquece de mim nenhum momento...

O que eu preciso? De um BOM emprego e de um grande amor.
Emprego até que não tá difícil não, mas o grande amor... é tão fácil como ganhar no bolão da mega-sena.
O problema é que eu sonho em ganhar, mas nunca apostei!!! kkkkkkkkkkkk

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Pra ser sincera



Engraçado. Ontem eu pensei tanto nas minhas atitudes e acordei hoje sem um pingo de arrependimento de não ter feito diferente.
Penso que se perder na sua própria identidade é como se matar aos poucos.
Eu vim pro Rio passar férias, descansar, desestressar daquele bendito emprego que eu tenho e tentar me resgatar.
Todas as vezes que eu volto pra casa é como se eu lembrasse que eu fui e quem eu sou.
Ontem fiquei pensando... As vezes me condeno pelo meu jeito bruto, mas bem lá no fundo, gosto do que há dentro de mim. Tenho certeza que um bom observador conseguirá respeitar essa casca grossa e verá a doçura que há em mim, que definitivamente não é pra qualquer um.
Admiração sem respeito não vale nada.
Bacana acharem que eu sou "o cara", mas "o cara" também precisa de proteção, de consideração.
Eu gostaria de falar de você que me abraça, diz que me admira, e debochadamente pensa que tá tudo liberado, mas como esse espaço aqui é MEU, eu me limito a dizer o que meu sorriso, minha classe e meu silêncio disseram.
Qualquer um merece respeito!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Montanha Russa


Há muito tempo não escrevo mais.... Não tenho a pretensão de ser novela, que acompanhem meu blog. Na verdade quero ter de volta a inspiração que me motivava escrever tudo o que penso, como me sinto...


Hoje eu tava voltando pra casa, caminhando na praia depois de alguns mergulhos e fiquei pensando na vida.

Qual o problema do ser humano? Ontem eu conversei muito com uma amiga (a Paty) e estávamos questionando isso. Eu era outra pessoa há 10 anos atrás! Era uma pessoa meiga, tranquila, sem máscaras.

Não precisava posar de durona, porque não tinha medo de me machucar.

Nem precisava me sentir mal, quando percebo que eventualmente fui grossa com alguém que gosto.

Mas afinal de contas, mesmo que façamos isso, corremos o risco de nos machucarmos ainda mais, não é mesmo??

Nossa, eu ando tão seca por dentro, que as vezes nem percebo o quanto sou grossa, o quanto sou dura com as pessoas. Parece que esse é o meu "normal".

Da mesma forma que saí pra almoçar com meu avô num restaurante bacana, e tive que mudar todo o nosso modo de falar e agir. Quando eu precisei ir ao banheiro, cheguei ao garçom com a voz pelo menos dois tons abaixo do meu e disse "com licença, por gentileza, onde fica o toillete?" quando meu normal seria "e ai amigo, onde fica o banheiro?" Tudo bem, o lugar pedia essa formalidade, sem problema!

O que eu tô tentando dizer é por que certas vezes fazemos tanto teatro e no final das contas não chegamos nem perto do que gostaríamos de transmitir!!

Já não sei falar de amor. Já não sei me entregar.

Sabe quando você está numa montanha russa e de repente vai vir uma descida e você fecha os olhos pra ter aquela sensação gostosa no estômago?

É isso que eu tô querendo pra mim.

Quero poder fechar os olhos diante do perigo e me deixar descer essa montanha russa, sem medo.

Confesso que nessa virada de ano fiz os mesmos pedidos do ano passado: saúde, paz, sabedoria...e por que não uma montanha russa??